Meu vôo pela Continental Airlines me permitia um stop de até 8 dias sem acréscimo na tarifa em Houston, Chicago ou New York, como eu sou mão de vaca assumido, pensei logo na possibilidade de aproveitar essa boca livre, principalmente por que meu visto e passaporte vencem agora no início do segundo semestre. Fiz as contas rapidamente e vi que com 400 dólares daria para passar 6 dias na Big Apple. Mônica e Juca resolveram voltar de Orlando, uma grande decisão pois o frio era intenso e não estavam com roupa apropriada. Consultei meus amigos mais próximos que moraram em NY por mais de uma década. Esiel disse, “Ivan você que é chegado a uma atividade ao ar livre vai ter muitas restrições, o vento é muito forte e a sensação térmica é de muito frio, ficando os passeios mais para museus, shoppings, teatros...” Então falei com o Paulo, meu parceiro nas montanhas e lhe falei sobre a opinião do Esiel que disse, “o Esiel está certo, mas você é montanhista, passa aqui em casa que te empresto um casaco e podes andar pelado com ele que não vai sentir frio”. Pesei as conseqüências e lembrei-me da velha frase, de autor desconhecido "se me dissessem que era impossível não teria conseguido". Fui.
Consultando o Google e o GoogleMap, utilizando as modernas ferramentas de busca, consegui detalhes de precisão impressionante. Por exemplo: Meu vôo foi para Newark Airport num bairro afastado de New Jersey separada de Manhattan pelo Rio Hudson. Digitei no GoogleMap: ir de Newark para 119 W 45th Street, Times Square, de transporte público (ENTER). Resposta: caminhe até Newark Airport Terminal B Pos #7 & #8: caminhe na direção sudoeste na Terminal Access Road, curva acentuada para permanecer na Terminal Access Road – Ônibus 37, direção: 37 - Newark Airport (exact fare). Em 5 min chegada no Newark Airport North Terminal (15 min para trocar de transporte) pegar o ônibus 107 (exact fare) direção 107 Newark – em 28 min chegada em Manhattan no Port Authority Bus Terminal, 41St & 8th Av. Saltando no terminal saia até a 8th Av e caminhe na direção nordeste para a 42nd St, 43th St, 44th St, na 45th St vire à direita e atravesse a 7th Av, pronto número 119. O mais incrível ainda é que o GoogleMap dispõe de uma ferramenta chamada "vista de rua" na qual se vê cada detalhe da rua como se estivesse lá. Ao saltar do ônibus na Port Authority Bus Terminal (a Rodoviária ao lado da Times Square) me sentia como se já tivesse passado por aquelas ruas, o Google é mesmo show de bola... Bem, com tantos detalhes disponíveis, tracei um roteiro para meus 6 dias de forma a otimizar o tempo e a grana:
1º Dia - Programei: Após check in no Hostel caminhar pela Times Square e passar na BH Photovideo para conhecer e quem sabe cometer uma extravagância. Roteiro cumprido! Cheguei às 3 horas no Hostel e logo estava na rua caminhando numa linda tarde fria de céu azul, fui direto à BH e já saí de lá com uma Nikon novinha em folha fotografando tudo que via pela frente e pelo alto. Nem vi a noite chegar com tantos arranha-céus cobertos por luminosos de plasma mostrando o Dalai Lama, o Obama, os Shows da Broadway, os corpos sarados, as grifs mais modernas, atletas, os números da Nasdaq e sei lá quantas outras utilidades e futilidades... Embora solitário, sem ter pronunciado, ainda, uma só palavra, estava totalmente imerso e envolto no frisson da Times Square (o pequeno pedaço da Broadway, essa grande avenida que corta a ilha de Manhattan numa diagonal de Norte para Sul e que, ao cruzar com a 7th avenida entre a 42nd St e a 47th St, forma o largo mais conhecido e visitado do mundo). Na 46th (conhecida como Little Brazil) há uma escadaria de acrílico vermelho iluminado, ao ar livre, onde as pessoas se concentram num patamar elevado com vista privilegiada para toda Times Squiare a fotografar tudo e todos. Foi ali que comecei a gastar as primeiras palavras em inglês, “Could you take me a picture, please?” E tive que repeti-la inúmeras vezes. Logo aprendi que as pessoas, embora em multidão, são muito educadas. Ninguém passa por você sem pronunciar, "sorry", entrei no clima, “sorry, could you take me a picture, please?” Antes de dormir descobri que ao lado do Hostel havia uma Deli que vendia desde guarda-chuva a comida a quilo. Pegava o que queria, pagava e subia pro segundo piso, onde transformei em minha sala de estar com LCD e todo conforto. Fui dormir de alma e barriga cheia logo ali do lado, a uns 100 metros da Times Square, no Big Apple Hostel. Na hora do check in era o único no quarto de dois beliches, quando voltei encontrei mais um companheiro de uns 30 anos que disse ser australiano e que era professor de inglês e artes em Melbourne, tomei banho e fui dormir, ele tomou banho e foi pra rua. Quase pegando no sono, escutei a porta abrir, era um casal também australiano que acabava de chegar. Os dois mais jovens que o professor resolveram se arrumar na cama de cima do patrício. Também tomaram banho e foram pra rua.
2º Dia - Programei: Comprar o passe semanal, Metrocard, por U$25 que dá direito a tomar o metrô e o ônibus infinitas vezes durante 7 dias e explorar a cidade além das fronteiras da Times Square. Roteiro não cumprido! Lá pelas 6 da manhã os australianos voltaram para dormir, então me perguntei, “será que eles já entraram no clima da cidade ou é uma questão de fuso horário?” Ainda estava escuro, mas vi pela veneziana que estava neviscando, empolgado, me arrumei rapidamente, fiz um bom café da manhã na Deli, pela vidraça via a neve cair mais forte, só depois fui saber que aquela era a segunda nevasca do ano, que sorte a minha. No verão de 2006 estive na Patagônia argentina e chilena até o Ushuaia, pisei na neve, vi a neve nas montanhas que até caíam em cima de mim quando o vento as soprava. Mas nunca tinha visto ela cair do céu, das nuvens, olhando pra rua do segundo andar da Deli pensava, "mantenho ou troco o programa?". Sempre gosto de deixar o instinto me levar, quase nunca me arrependo e ele me dizia, "vai ao Central Park, vai ser legal ver essa neve toda lá". Foi o que fiz, peguei o casacão do Paulo, mas não fui pelado, por baixo usava toda a roupa da Patagônia, duas meias de lã e uma bota própria para caminhar nas montanhas geladas. Depois constatei que aquilo era um exagero, sentia até um certo calor. Com o passar dos dias ia diminuindo o número de peles que eram três por baixo do casacão, sendo que no último dia tinha apenas uma. Usava um gorro que comprei na Patagônia e permitia abrir em cima e puxá-lo até o pescoço virando, assim, uma espécie de cachecol. Meu problema com o frio é a coriza, escorre como uma cachoeira. Sempre que ia à Deli pegava bastante guardanapo e botava no bolso para qualquer emergência. Ainda não havia comprado o meu Metrocard então fui caminhando até o Central Park, quatorze ruas ao Norte, já que ele começa na 59th St. Com a neve e o vento cada vez mais fortes a coriza começou a brotar, puxei o meu ex-gorro, agora cachecol para cima cobrindo além do pescoço o nariz e a orelha e forrei por dentro com os lencinhos da Deli. De dez em dez minutos tinha que trocar os lencinhos. Lembrava tanto do Esiel...Fotografar era quase impossível, ou era neve na lente ou era a luva que apertava algum botão que eu não queria. De rua em rua ia cruzando com as pessoas embaixo do sobretudo e eu já conseguia identificá-los, "são nativos", ou do casaco, claro, "são turistas". Para entender um pouco do Central Park temos que falar de Manhattan. New York é a capital do estado de mesmo nome e é composta por 5 boroughs (isso mesmo, burgo: cidade, vila, bairro): Manhattan, que é a principal, é uma ilha cercada pelos rios Hudson, West River e Harlem River; Brooklin ao Sul; Queens ao Leste; Staten Islands também ao Sul e The Bronx ao Norte (não pergunte a um morador se ele mora no Bronx e sim no The Bronx... ele pode se ofender...). Manhattan é comprida no sentido Norte - Sul e tem um traçado urbano muito simples: tirando a ponta sul da ilha onde estão o Centro financeiro, o Centro Cívico, China Town, Little Italy, SoHo, Village e outros, são 11 avenidas numeradas de Leste para Oeste, sempre em ordinais e 220 ruas numeradas de Sul para Norte também sempre em ordinais. As quadras são perfeitas, todas têm o mesmo tamanho 80mX280m. As únicas exceções são a Broadway que corta a cidade na diagonal e nas beiradas dos rios onde se encontram algumas ruelas ou avenidas disformes e que recebem nomes e não números ordinais. Voltando ao Central Park, ele fica no centro de Manhattan e vai da 5th Av até a 8th Av e da Rua 59th St até a 110th St. O parque é gigante tem quase 900 metros de largura por 4 kms de comprimento, com museus, monumentos, construções, pontes, muito verde, lagos e rios, hoje, todos congelados. Quando cheguei ao Central Park ele estava praticamente vazio, além de mim alguns se exercitavam em caminhadas ou passeavam com o cachorro ou o bebê no carrinho todo fechado. Caía muita neve e o parque estava todo branquinho. Lá na altura da 65th St uma pista de patinação no gelo, claro. No meio de quase ninguém e há quase 2 horas caminhando pedi a um casal, "sorry, could you take me a picture, please?" Notando o meu sotaque e fisionomia latina, tiraram a foto e puxaram assunto em espanhol, como viram que meu espanhol também era limitado, não tiveram dúvidas. Em um bom, amigável e gostoso português disseram que eram de Uberlândia e que moravam na Florida há 10 anos, "sabíamos que ia nevar bastante este ano em NY e resolvemos vir de carro pelas ótimas estradas americanas", disseram. O papo foi mui caliente e demorado. Já tinha usado uma daquelas máquinas que você põe de um a dois dólares e pode ficar até 10 minutos na internet. Saí do Central park pela 5th Av e logo quase na esquina com a 59th St o lindo prédio da Apple com o famoso cubo de vidro bem na frente com a maçã virtual pendurada no centro do cubo. Não titubeei, entrei e logo estava numa super máquina Mac ligado com o mundo e passando meus e-mails de graça. Mão de vaca que sou todo dia batia ponto na loja da Apple. De dentro da Apple que é toda envidraçada vi que o tempo tinha melhorado, o céu era azul e não nevava, que sorte a minha. A beleza da vida está nos contrastes... Voltei pra rua e pensei, "tenho que comprar logo o Metrocard". Entrei na primeira estação e já fui esbarrando com a primeira dificuldade. Não há um cara vendendo o bilhete, são máquinas, por sorte em inglês e espanhol que você vai navegando até chegar ao bilhete que quer comprar. A dificuldade é você confiar que a máquina vai te devolver o troco certinho, coisas de mão de vaca. Resolvi entrar no ônibus M20 que me levaria até Wall Street e poderia ir vendo boa parte da cidade o que não aconteceria no metrô. Entrei no ônibus e fui barrado porque não tinha trocado e porque também não tinha o Metrocard. "Foda-se", pensei. Desci a 5th Av da 59th St até a 35th St. Ainda não tinha caminhado pela 5th Av, pois do Hostel até o Central Park subi pela 6th Av. Nossa a 5th Av só tem lojas famosas, nada ao alcance do meu cacife, um luxo só. Lá pela 50th St dei com o conjunto de prédios do Rockefeller Center, prato cheio para quem gosta de fotos. Ali tinha mais uma pista de patinação. Fui descendo, descendo e observei que havia algo de errado na cidade, na altura da 34th St, ambulâncias, bombeiros e policiais cruzavam as ruas em altíssima velocidade, já eram mais de 3 horas da tarde, estava em frente ao Empire State e pensei que com uma bela tarde seria o momento ideal para subir até o observatório. Desde o aeroporto de Houston que já tinha me acostumado com as rotinas de revistas de sensores de metais onde você tem que tirar até o sapato. Para subir no observatório você tem que fazer até foto além de tirar quase toda a roupa. Lá de cima do observatório escutava o vai e vem das ambulâncias e suas sirenes, mal sabia que tinha registrado na câmera um furo de reportagem, um airbus tinha acabado de amerrisar de emergência no rio Hudson com mais de 150 pessoas. Nossa só fiquei sabendo a versão de tantas sirenes na cidade quando cheguei à noite no Hostel e o furo fotográfico só vi quando baixei as fotos no PC, em casa. À noite, adivinhem? Times Square, mas estava exausto de tanto caminhar e secar coriza, fui dormir. Mas, cadê meus companheiros de quarto? Quando ainda estava tirando meu equipamento de guerra fria a porta se abriu e o casalzinho australiano entra no quarto, cada um enrolado na sua toalha (só lembrando ao pessoal que gosta de um Hotel que banheiro de Hostel é coletivo e fica no corredor). O cara meio sem graça me perguntou - Ivan (Aivan) did you have a good day? Eu logo pensei, "esses dois estavam namorando no banheiro..." Trocaram de roupa e foram pra rua.
3° Dia - Programei: Pegar o Metrô um na estação 42th St e ir até a última estação, South Station, lá tomar o Ferry que vai para Staten Islan que passa ao lado da Estátua da Liberdade e que é de graça (Staten Island é um dos cinco boroughs, lembram? E como é o mais distante e não há túnel nem ponte ligando a Manhattan, é de graça). Na volta caminhar pelo Centro Financeiro, Wall Street, Ground Zero (o terreno em obras do estrago causado pelo Osama), fazer a caminhada da Ponte do Brooklin e voltar para Times Square para pegar o bilhete (boca livre de toda Sexta Feira) distribuído pelo Target (a maior rede de supermercados de NY) e visitar o MOMA. Roteiro cumprido!... Mas cheio de surpresas e imprevistos... Este era meu primeiro contato com o Metrô, escolhi o idioma espanhol e resolvi comprar o bilhete para uma viagem, 2 dólares. Vai que a máquina não me devolve o troco...? Botei meus dois dólares e pimba, lá estava o meu bilhete. Cada vez que o metrô parava numa estação conferia no mapa para ver se não estava no buraco errado. Até a penúltima estação tudo bem, mas saltaram todos e só ficamos eu e um mendigo na outra extremidade do vagão, dormindo todo agasalhado, mas descalço. O maquinista falou um montão de coisas que eu não entendi, fechou as portas e seguiu, mas parou antes de chegar à South Station. Cá comigo pensei um montão de besteira "será que vou dormir nesse vagão com esse mendigo?" Passamos mais de 15 minutos parados dentro do buraco e eu puto da vida, "meu terceiro dia de NY e preso com um mendigo dentro de um vagão de Metrô...?". Daí rodou mais uns 20 metros e passamos direto pela South Station, sem parar. "E agora?” No mapa, depois da última estação não vem nada, “e agora? Acho que o Metrô vai recolher na garagem, será que violei alguma regra grave e vou ser deportado?" O mendigo acordou, me olhou, balbuciou algo, enfiou teatralmente uma das mãos dentro do agasalho. “Tou fudido”, pensei. Tirou um tênis, depois o outro, se esticou mais ainda e dormiu tranqüilo, tranqüilo. Ufa... que alivio. Rodou mais uns tantos e o maquinista avisou "next station Rector Street". "Nossa essa foi a penúltima que acabamos de passar", tratei de saltar, já que estava mais acordado que o mendigo. Não estava perdido, pois sabia que estava perto do Rio Hudson e do sul da ilha e que, nas imediações havia um parque à beira rio, Battery Park. Fiz uma bela caminhada à beira do Hudson com direito a vista para Lady Liberty e Jersey City, o dia estava lindo e azul, mas o frio de menos 15 com um vento cortante. Mais uma vez me lembrei muito dos conselhos do Esiel, maldita coriza... Antes de alcançar o ferry para Staten Island passei pelo ferry que leva à Estátua da Liberdade, fui investigar o preço e descobri que pagaria só 10 dólares. Macaco velho, da terceira idade, não perdi tempo, como no metrô. Pequei logo o próximo que saia. E eu que planejara passar ao largo, estava literalmente aos pés da estátua, no último degrau que dá acesso ao observatório. De lá a vista para Manhattan e Jersey City é simplesmente o máximo. Na volta caminhei pelo Centro Financeiro, e cortei para o outro lado do rio onde estão as pontes do Brooklin e de Manhattan. No caminho parei no Pier 17, onde tem mais uma das pistas de patinação e oferece uma maravilhosa vista das 2 pontes e do Brooklin. Voltei para o Centro Cívico, City Hall e antes de começar a caminhada da Ponte do Brooklin fiquei observando para ver se não era o único maluco a enfrentar uma caminhada de 2 kms com aquela temperatura e vento forte. Olhei para um lado, para o outro e vi que se aproximava de mim uma moça alta, elegantemente vestida e com o rosto à mostra. "ué, ela não solta coriza?" E ela vinha andando na minha direção, perguntei se ia caminhar na ponte, disse que sim; se podia fazer-lhe companhia, disse que sim. Verifiquei que não éramos os únicos malucos naquela caminhada. A pista para pedestres divide espaço com os ciclistas (mas cada um na sua) e é uma espécie de deck com ripas de madeira acima das pistas dos carros. Uma visão privilegiadíssima, o tempo todo vista de 360°. De vez em quando tirava minha máscara contra coriza e tabulava uma conversa que ia um pouco além do "sorry". Seu nome, não lembro mais, mas lembro que é indiana de New Deli e que estava hospedada na 51th St. Caminhamos até o Brooklin e lá chegamos ao fim da tarde. Na hora de tomar o metrô de volta fiquei mais tranqüilo, pois minha amiga falava um inglês fluente, herança do domínio inglês na sua terra. De manhã tinha andado no metrô 1, linha vermelha; agora pegamos o metrô A, linha azul para trocar, já em Manhattan pelo metrô 6, linha verde. Ela seguiu para a 51th St e eu saltei na 42nd St e me deparei com um dos lugares mais bonitos que vi em NY, a Grand Central Station (dali saem e chegam metrô, trem e ônibus). Assim como no Port Authority Bus Terminal, aqui não se vê movimento algum no entorno das estações, sabe aquela bagunça da Central do Brasil ou da Rodoviária Novo Rio? Lá acho que é tudo subterrâneo. Que linda é a Grand Central Station, sabe o Centro Cultural Banco do Brasil? Lá é muito maior, tão ou mais bonito... Já era noite e prometi a mim mesmo que no dia seguinte voltaria lá. Fui andando pela 42nd St e atravessando a 3th, 4th, 5th, 6th até a 7th Av e cheguei onde? Claro, na Times Square. Nossa, havia outro bafafá na cidade, a Times Square estava praticamente interditada para carros e metrô e só se via bombeiros com seus carros luminosos e barulhentos complementando aquele cenário bonito, no entanto caótico. Aprecei-me para ver e fotografar. Bomba, bomba, bomba!!! Isso mesmo havia explodido uma bomba num centro de recrutamento militar nas proximidades da Times Square. A concentração maior era na esquina com a 46th St (lembram da Little Brazil?). Achando que estava em casa andei uns 30 metros na 46th St na direção do epicentro e, claro, fui expulso por um policial que me fez voltar a Times Square. Os bombeiros, ainda ressabiados com o 11 de setembro, indiferentes ao frisson agiam como se fosse uma guerra. Os turistas curtiam, a presença dos bombeiros, como se fosse uma festa. Muita gente bonita, elegante, com o sorriso fácil, todos com suas câmeras em ponho, asiáticos, negros, mulçumanos, latinos, brasileiros...ops...brasileiros? No meio daquela Torre de Babel conseguia identificar aqui e ali um idioma familiar, eram os brasileiros com suas sacolas da Macy's ou alguns jovens falando algum palavrão e rindo achando que ninguém estava entendendo. A partir daí comecei a usa a tática do "querem que eu tire uma foto de vocês? Então, dá para você tirar uma minha?" Ih...! O MOMA...! Diz o Paulo Coelho que a melhor maneira de se conhecer uma cidade é andando pelas ruas, museus você pode ver em livros, filmes, internet...(um pouco de exagero, mas aquilo se encaixava bem no meu perfil de andarilho), acabei de lembrar que o Giu foi quem me contou isto. O dia tinha sido cheio de novidades que tinha até esquecido do MOMA e já não dava mais tempo, deveria ter entrado na fila lá pelas 4, 5 da tarde. Já era tarde, entrei na Deli ao lado e como estava só com o café da manhã, comi quase uma libra de carne, frango e outros energéticos. Fui para o quarto exausto e acabei surpreendendo o casalzinho namorando em cima do beliche, o cara mais uma vez tabulou o mesmo papo "Ivan (Aivan) did you have a good day?" Fui tomar um reconfortante banho e demorei-me mais que o usual para que o australiano tivesse tempo de acabar com aquele namoro. Dormi o sono dos justos.
4° Dia - Programei: Passear de ônibus pelo Brooklin e Queens pela manhã e à tarde visitar o Museu Metropolitano, o de História Natural (ambos no Central Park) e, agora, teria ainda que encaixar o MOMA, à noite assistir um Show da Broadway (êta programinha caro, não tem show por menos de 100 dólares, mas há dois lugares que vendem ingressos com desconto: no Píer 17, onde passei no dia anterior e nada me interessava e embaixo da escada de acrílico na Times Square). Roteiro não cumprido! Cada ingresso de museu custaria 18 dólares, mas no de História Natural tinha a opção Suggested Adimission, você paga quanto quiser, sorte a minha que poderia entrar com um dólar. Um lindo dia de sol com céu azul sem nuvens, mas o frio... Vi na minha TV de plasma na Deli, durante o café da manhã que estava 18° Fahrenheit (os americanos não gostam de nada negativo), para nós menos 8° Celsius, tudo que eu queria. Depois de andar mais de duas quadras atrás de um bilhete de metrô (algumas estações não tem a máquina de vender bilhete), descobri que tinha andado o suficiente para chegar ao Central Park, deixei o metrô de lado e segui a pé pela 8th Av. Bem na esquina, no início do Parque a Broadway cruza com a 8th Av, então há uma grande praça redonda, Columbus Circle, uma justa homenagem ao descobridor do Novo Mundo. Entrei no Parque e segui pelas trilhas sinuosas até a metade, no Museu de História Natural, fiz a minha modesta contribuição, fiz uma foto do maior esqueleto de dinossauro e voltei para o parque, só saí de lá ao meio dia. Fui bater o ponto na Apple e voltei pela 7th Av que ainda não tinha andado por aquele lado, na altura da 50th St voltei ao Rockefeller Center e outros lugares bacanas que já tinha visto, incluindo o Bryant Park com sua pista de patinação em frente à Biblioteca Pública e antes que escurecesse cumpri a promessa do dia anterior, voltei à Grand Central Station, fiquei horas ali olhando tudo por fora e por dentro, um lugar imperdível. A noite chegou, fui entrando por outros lugares que tinha passado antes com neve e outros que ainda nem tinha visto e foi aí que descobri a beleza da Madison Square Garden, o General Post Office (Correios) e a Pen Station (uma outra grande estação de Trem e metrô com vários andares subterrâneos que ocupa nada menos que duas quadras, as de 80mX280, ou seja: 45 mil metros quadrados), que bom, se nevasse agora poderia me deslocar pela cidade de uma rua ou avenida a outra pelos subterrâneos quentinhos. Voltei para a Broadway porque ainda remoia aquela história do Show, era sábado e com certeza não encontraria uma pechincha, queria um musical por causa do idioma: Chicago, Mama Mia, O fantasma da Ópera, quem sabe? Pesquisei um pouco e descobri que havia disponibilidade de ver o Fantasma da Ópera (50% de desconto) por míseros 60 dólares, hehe! Corri pra bilheteria e tinham acabado de vender o último. Como eu já estava disposto a extravagâncias pedi uma sugestão e já jogaram um folheto na minha mão, “The Fantasticks” por 58 dólares, uma espécie de Romeu e Julieta moderno, com quatro jovens penteados à gomalina com seus cantos líricos, um querendo aparecer mais que o outro e quatro coroas fantásticos que deram um show de comédia, ri muito, roubaram a cena e salvaram o espetáculo. Mas, pensando bem "que furada!” Fui dormir e encontrei os australianos já na cama "acho que já se entenderam com o fuso horário", pensei.
5° Dia - Programei: Ir de manhã até o Harlen (o bairro negro ao Norte do Central Park) para assistir uma missa gospel, à tarde livre para passeio a pé. Roteiro cumprido pela metade. Quando saí do Rio meu amigo Paulo, o do casacão, me disse, "quando for ao Harlen vai de táxi, nada de metrô", perguntei por que, "porque você é branco", mas pensei, "hoje até a Casa Branca é ocupada por um negro...". Não queria gastar os 20 dólares de táxi, estava desfalcado com a noite anterior, então perguntei à recepcionista do Hostel sobre metrô para ver a missa gospel. Ela disse que deveria tomar o metrô 1, linha vermelha até a 96th St, já que sendo Domingo ele não iria além da 96th St e de lá tomar um ônibus que iria atravessar um bairro hispânico, aí ela me olhou e disse "mas você é hispânico e não haverá problemas”. Pensei bem e disse, "tou fora". Que furada Os Fantasticos, pagaria, e bem, por um táxi de ida e volta por um programa melhor lá no Harlen. Também, por que fui contrariar meu instinto? O dia estava meio quente, ou melhor, zero grau, voltei para a Madison Square Garden, o General Post Office e a Pen Station. Parecia que ia nevar e comecei a fazer minha sessão de fotos antes que nevasse. No fim da tarde começou a neviscar e resolvi entrar em alguns shoppings. Nossa como esses caras aqui são consumistas. Tirando moradia, alimentação e “The Fantasticks” o resto é muito barato, comprei um cachecol de verdade por um dólar, duas calças Levis por 75 e vi luvas, da boa, por quatro dólares. À noite já nevava bastante e fui para as duas pistas de patinação (uma curiosidade, a neve cai na e da roupa sem molhar, parece uma poeirinha leve), no Rock Center e no Bryant Park, vi muito brasileiro endinheirado pagando mico. Antes de dormir consultei minha programação e vi que tinha programado passear a pé, mas foi o eu mais fiz desde que cheguei. Fora a missa gospel, estava rigorosamente em dia. Fui dormir cedo torcendo para não amanhecer nevando e aproveitar bem o meu último dia.
6° Dia - Programei: Caminhada por Village, SoHo, NoLita, Little Italy, China Town, Centro Cívico e World Trade Center, agora conhecido como Ground Zero, esse Osama... Roteiro cumprido na integra. Neste dia saltei na estação Christopher St, já no Village e logo estava na Washington Square Park com o seu famoso Washington Arch (o Arco do Triunfo dos americanos). Contrariando minha torcida, nevava sem parar e perdi um pouco da movimentação das pessoas desses bairros. Mas o casario que com neve tinha um charme todo especial. Não tinha pressa, meu vôo era para as 11 da noite, então caminhava e sorvia cada detalhe desses bairros. Resolvi comer uma bela macarronada no Little Italy, foi o que fiz. Mas observei que os chineses estão invadindo a Itália. Lá em China Town sentia muito frio e resolvi tomar algo quente. Sentei a observar qual esquisitice iria tomar. No meio a tantos nomes desconhecidos deparei-me com "Tapioca" perguntei à gerente do que se tratava, num chinês impecável ordenou que a balconista me desse um pouco da "Teipiôca" para experimentar. Puz aquelas bolinhas pretas e doces, envolvidas em calda, na boca e depois de duas ou três mastigadas concluí que era mesmo a nossa famosa tapioca que os chineses deram um jeito de disfarçar à moda deles. De passagem vi que o Centro Cívico era muito maior do que eu pensava como a neve não dava trégua fui ao Ground Zero. Máquinas e guindastes trabalham direto por trás dos tapumes e dá para sentir um clima sinistro naquele lugar. As pessoas não gostam que a gente fique fazendo perguntas e fotografando, mas ninguém resiste. Fiz algumas fotos do que sobrou. Em frente ao Ground Zero há um Shopping, o Century 21 e não resisti comprei dois cuecões de lã para dormir, por incríveis dois dólares cada. Voltei para o Hostel, fiz o check out, encostei na Deli pra fazer uma boquinha, botei a mochilinha nas costas, atravessei a Times Square, peguei meu Bus, entrei no avião e fiquei grilado com a asa dele lotada de neve. O comandante taxiou e lá na frente parou e avisou, “vamos fazer uma parada de 20 minutos para retirar a neve das asas”, ah... bom!
Pessoal, foi uma grande experiência, não sou muito chegado a cidade, mas esta vale a pena voltar, há muito o que ver e fazer.
Um abraço a todos, Ivan
Consultando o Google e o GoogleMap, utilizando as modernas ferramentas de busca, consegui detalhes de precisão impressionante. Por exemplo: Meu vôo foi para Newark Airport num bairro afastado de New Jersey separada de Manhattan pelo Rio Hudson. Digitei no GoogleMap: ir de Newark para 119 W 45th Street, Times Square, de transporte público (ENTER). Resposta: caminhe até Newark Airport Terminal B Pos #7 & #8: caminhe na direção sudoeste na Terminal Access Road, curva acentuada para permanecer na Terminal Access Road – Ônibus 37, direção: 37 - Newark Airport (exact fare). Em 5 min chegada no Newark Airport North Terminal (15 min para trocar de transporte) pegar o ônibus 107 (exact fare) direção 107 Newark – em 28 min chegada em Manhattan no Port Authority Bus Terminal, 41St & 8th Av. Saltando no terminal saia até a 8th Av e caminhe na direção nordeste para a 42nd St, 43th St, 44th St, na 45th St vire à direita e atravesse a 7th Av, pronto número 119. O mais incrível ainda é que o GoogleMap dispõe de uma ferramenta chamada "vista de rua" na qual se vê cada detalhe da rua como se estivesse lá. Ao saltar do ônibus na Port Authority Bus Terminal (a Rodoviária ao lado da Times Square) me sentia como se já tivesse passado por aquelas ruas, o Google é mesmo show de bola... Bem, com tantos detalhes disponíveis, tracei um roteiro para meus 6 dias de forma a otimizar o tempo e a grana:
1º Dia - Programei: Após check in no Hostel caminhar pela Times Square e passar na BH Photovideo para conhecer e quem sabe cometer uma extravagância. Roteiro cumprido! Cheguei às 3 horas no Hostel e logo estava na rua caminhando numa linda tarde fria de céu azul, fui direto à BH e já saí de lá com uma Nikon novinha em folha fotografando tudo que via pela frente e pelo alto. Nem vi a noite chegar com tantos arranha-céus cobertos por luminosos de plasma mostrando o Dalai Lama, o Obama, os Shows da Broadway, os corpos sarados, as grifs mais modernas, atletas, os números da Nasdaq e sei lá quantas outras utilidades e futilidades... Embora solitário, sem ter pronunciado, ainda, uma só palavra, estava totalmente imerso e envolto no frisson da Times Square (o pequeno pedaço da Broadway, essa grande avenida que corta a ilha de Manhattan numa diagonal de Norte para Sul e que, ao cruzar com a 7th avenida entre a 42nd St e a 47th St, forma o largo mais conhecido e visitado do mundo). Na 46th (conhecida como Little Brazil) há uma escadaria de acrílico vermelho iluminado, ao ar livre, onde as pessoas se concentram num patamar elevado com vista privilegiada para toda Times Squiare a fotografar tudo e todos. Foi ali que comecei a gastar as primeiras palavras em inglês, “Could you take me a picture, please?” E tive que repeti-la inúmeras vezes. Logo aprendi que as pessoas, embora em multidão, são muito educadas. Ninguém passa por você sem pronunciar, "sorry", entrei no clima, “sorry, could you take me a picture, please?” Antes de dormir descobri que ao lado do Hostel havia uma Deli que vendia desde guarda-chuva a comida a quilo. Pegava o que queria, pagava e subia pro segundo piso, onde transformei em minha sala de estar com LCD e todo conforto. Fui dormir de alma e barriga cheia logo ali do lado, a uns 100 metros da Times Square, no Big Apple Hostel. Na hora do check in era o único no quarto de dois beliches, quando voltei encontrei mais um companheiro de uns 30 anos que disse ser australiano e que era professor de inglês e artes em Melbourne, tomei banho e fui dormir, ele tomou banho e foi pra rua. Quase pegando no sono, escutei a porta abrir, era um casal também australiano que acabava de chegar. Os dois mais jovens que o professor resolveram se arrumar na cama de cima do patrício. Também tomaram banho e foram pra rua.
2º Dia - Programei: Comprar o passe semanal, Metrocard, por U$25 que dá direito a tomar o metrô e o ônibus infinitas vezes durante 7 dias e explorar a cidade além das fronteiras da Times Square. Roteiro não cumprido! Lá pelas 6 da manhã os australianos voltaram para dormir, então me perguntei, “será que eles já entraram no clima da cidade ou é uma questão de fuso horário?” Ainda estava escuro, mas vi pela veneziana que estava neviscando, empolgado, me arrumei rapidamente, fiz um bom café da manhã na Deli, pela vidraça via a neve cair mais forte, só depois fui saber que aquela era a segunda nevasca do ano, que sorte a minha. No verão de 2006 estive na Patagônia argentina e chilena até o Ushuaia, pisei na neve, vi a neve nas montanhas que até caíam em cima de mim quando o vento as soprava. Mas nunca tinha visto ela cair do céu, das nuvens, olhando pra rua do segundo andar da Deli pensava, "mantenho ou troco o programa?". Sempre gosto de deixar o instinto me levar, quase nunca me arrependo e ele me dizia, "vai ao Central Park, vai ser legal ver essa neve toda lá". Foi o que fiz, peguei o casacão do Paulo, mas não fui pelado, por baixo usava toda a roupa da Patagônia, duas meias de lã e uma bota própria para caminhar nas montanhas geladas. Depois constatei que aquilo era um exagero, sentia até um certo calor. Com o passar dos dias ia diminuindo o número de peles que eram três por baixo do casacão, sendo que no último dia tinha apenas uma. Usava um gorro que comprei na Patagônia e permitia abrir em cima e puxá-lo até o pescoço virando, assim, uma espécie de cachecol. Meu problema com o frio é a coriza, escorre como uma cachoeira. Sempre que ia à Deli pegava bastante guardanapo e botava no bolso para qualquer emergência. Ainda não havia comprado o meu Metrocard então fui caminhando até o Central Park, quatorze ruas ao Norte, já que ele começa na 59th St. Com a neve e o vento cada vez mais fortes a coriza começou a brotar, puxei o meu ex-gorro, agora cachecol para cima cobrindo além do pescoço o nariz e a orelha e forrei por dentro com os lencinhos da Deli. De dez em dez minutos tinha que trocar os lencinhos. Lembrava tanto do Esiel...Fotografar era quase impossível, ou era neve na lente ou era a luva que apertava algum botão que eu não queria. De rua em rua ia cruzando com as pessoas embaixo do sobretudo e eu já conseguia identificá-los, "são nativos", ou do casaco, claro, "são turistas". Para entender um pouco do Central Park temos que falar de Manhattan. New York é a capital do estado de mesmo nome e é composta por 5 boroughs (isso mesmo, burgo: cidade, vila, bairro): Manhattan, que é a principal, é uma ilha cercada pelos rios Hudson, West River e Harlem River; Brooklin ao Sul; Queens ao Leste; Staten Islands também ao Sul e The Bronx ao Norte (não pergunte a um morador se ele mora no Bronx e sim no The Bronx... ele pode se ofender...). Manhattan é comprida no sentido Norte - Sul e tem um traçado urbano muito simples: tirando a ponta sul da ilha onde estão o Centro financeiro, o Centro Cívico, China Town, Little Italy, SoHo, Village e outros, são 11 avenidas numeradas de Leste para Oeste, sempre em ordinais e 220 ruas numeradas de Sul para Norte também sempre em ordinais. As quadras são perfeitas, todas têm o mesmo tamanho 80mX280m. As únicas exceções são a Broadway que corta a cidade na diagonal e nas beiradas dos rios onde se encontram algumas ruelas ou avenidas disformes e que recebem nomes e não números ordinais. Voltando ao Central Park, ele fica no centro de Manhattan e vai da 5th Av até a 8th Av e da Rua 59th St até a 110th St. O parque é gigante tem quase 900 metros de largura por 4 kms de comprimento, com museus, monumentos, construções, pontes, muito verde, lagos e rios, hoje, todos congelados. Quando cheguei ao Central Park ele estava praticamente vazio, além de mim alguns se exercitavam em caminhadas ou passeavam com o cachorro ou o bebê no carrinho todo fechado. Caía muita neve e o parque estava todo branquinho. Lá na altura da 65th St uma pista de patinação no gelo, claro. No meio de quase ninguém e há quase 2 horas caminhando pedi a um casal, "sorry, could you take me a picture, please?" Notando o meu sotaque e fisionomia latina, tiraram a foto e puxaram assunto em espanhol, como viram que meu espanhol também era limitado, não tiveram dúvidas. Em um bom, amigável e gostoso português disseram que eram de Uberlândia e que moravam na Florida há 10 anos, "sabíamos que ia nevar bastante este ano em NY e resolvemos vir de carro pelas ótimas estradas americanas", disseram. O papo foi mui caliente e demorado. Já tinha usado uma daquelas máquinas que você põe de um a dois dólares e pode ficar até 10 minutos na internet. Saí do Central park pela 5th Av e logo quase na esquina com a 59th St o lindo prédio da Apple com o famoso cubo de vidro bem na frente com a maçã virtual pendurada no centro do cubo. Não titubeei, entrei e logo estava numa super máquina Mac ligado com o mundo e passando meus e-mails de graça. Mão de vaca que sou todo dia batia ponto na loja da Apple. De dentro da Apple que é toda envidraçada vi que o tempo tinha melhorado, o céu era azul e não nevava, que sorte a minha. A beleza da vida está nos contrastes... Voltei pra rua e pensei, "tenho que comprar logo o Metrocard". Entrei na primeira estação e já fui esbarrando com a primeira dificuldade. Não há um cara vendendo o bilhete, são máquinas, por sorte em inglês e espanhol que você vai navegando até chegar ao bilhete que quer comprar. A dificuldade é você confiar que a máquina vai te devolver o troco certinho, coisas de mão de vaca. Resolvi entrar no ônibus M20 que me levaria até Wall Street e poderia ir vendo boa parte da cidade o que não aconteceria no metrô. Entrei no ônibus e fui barrado porque não tinha trocado e porque também não tinha o Metrocard. "Foda-se", pensei. Desci a 5th Av da 59th St até a 35th St. Ainda não tinha caminhado pela 5th Av, pois do Hostel até o Central Park subi pela 6th Av. Nossa a 5th Av só tem lojas famosas, nada ao alcance do meu cacife, um luxo só. Lá pela 50th St dei com o conjunto de prédios do Rockefeller Center, prato cheio para quem gosta de fotos. Ali tinha mais uma pista de patinação. Fui descendo, descendo e observei que havia algo de errado na cidade, na altura da 34th St, ambulâncias, bombeiros e policiais cruzavam as ruas em altíssima velocidade, já eram mais de 3 horas da tarde, estava em frente ao Empire State e pensei que com uma bela tarde seria o momento ideal para subir até o observatório. Desde o aeroporto de Houston que já tinha me acostumado com as rotinas de revistas de sensores de metais onde você tem que tirar até o sapato. Para subir no observatório você tem que fazer até foto além de tirar quase toda a roupa. Lá de cima do observatório escutava o vai e vem das ambulâncias e suas sirenes, mal sabia que tinha registrado na câmera um furo de reportagem, um airbus tinha acabado de amerrisar de emergência no rio Hudson com mais de 150 pessoas. Nossa só fiquei sabendo a versão de tantas sirenes na cidade quando cheguei à noite no Hostel e o furo fotográfico só vi quando baixei as fotos no PC, em casa. À noite, adivinhem? Times Square, mas estava exausto de tanto caminhar e secar coriza, fui dormir. Mas, cadê meus companheiros de quarto? Quando ainda estava tirando meu equipamento de guerra fria a porta se abriu e o casalzinho australiano entra no quarto, cada um enrolado na sua toalha (só lembrando ao pessoal que gosta de um Hotel que banheiro de Hostel é coletivo e fica no corredor). O cara meio sem graça me perguntou - Ivan (Aivan) did you have a good day? Eu logo pensei, "esses dois estavam namorando no banheiro..." Trocaram de roupa e foram pra rua.
3° Dia - Programei: Pegar o Metrô um na estação 42th St e ir até a última estação, South Station, lá tomar o Ferry que vai para Staten Islan que passa ao lado da Estátua da Liberdade e que é de graça (Staten Island é um dos cinco boroughs, lembram? E como é o mais distante e não há túnel nem ponte ligando a Manhattan, é de graça). Na volta caminhar pelo Centro Financeiro, Wall Street, Ground Zero (o terreno em obras do estrago causado pelo Osama), fazer a caminhada da Ponte do Brooklin e voltar para Times Square para pegar o bilhete (boca livre de toda Sexta Feira) distribuído pelo Target (a maior rede de supermercados de NY) e visitar o MOMA. Roteiro cumprido!... Mas cheio de surpresas e imprevistos... Este era meu primeiro contato com o Metrô, escolhi o idioma espanhol e resolvi comprar o bilhete para uma viagem, 2 dólares. Vai que a máquina não me devolve o troco...? Botei meus dois dólares e pimba, lá estava o meu bilhete. Cada vez que o metrô parava numa estação conferia no mapa para ver se não estava no buraco errado. Até a penúltima estação tudo bem, mas saltaram todos e só ficamos eu e um mendigo na outra extremidade do vagão, dormindo todo agasalhado, mas descalço. O maquinista falou um montão de coisas que eu não entendi, fechou as portas e seguiu, mas parou antes de chegar à South Station. Cá comigo pensei um montão de besteira "será que vou dormir nesse vagão com esse mendigo?" Passamos mais de 15 minutos parados dentro do buraco e eu puto da vida, "meu terceiro dia de NY e preso com um mendigo dentro de um vagão de Metrô...?". Daí rodou mais uns 20 metros e passamos direto pela South Station, sem parar. "E agora?” No mapa, depois da última estação não vem nada, “e agora? Acho que o Metrô vai recolher na garagem, será que violei alguma regra grave e vou ser deportado?" O mendigo acordou, me olhou, balbuciou algo, enfiou teatralmente uma das mãos dentro do agasalho. “Tou fudido”, pensei. Tirou um tênis, depois o outro, se esticou mais ainda e dormiu tranqüilo, tranqüilo. Ufa... que alivio. Rodou mais uns tantos e o maquinista avisou "next station Rector Street". "Nossa essa foi a penúltima que acabamos de passar", tratei de saltar, já que estava mais acordado que o mendigo. Não estava perdido, pois sabia que estava perto do Rio Hudson e do sul da ilha e que, nas imediações havia um parque à beira rio, Battery Park. Fiz uma bela caminhada à beira do Hudson com direito a vista para Lady Liberty e Jersey City, o dia estava lindo e azul, mas o frio de menos 15 com um vento cortante. Mais uma vez me lembrei muito dos conselhos do Esiel, maldita coriza... Antes de alcançar o ferry para Staten Island passei pelo ferry que leva à Estátua da Liberdade, fui investigar o preço e descobri que pagaria só 10 dólares. Macaco velho, da terceira idade, não perdi tempo, como no metrô. Pequei logo o próximo que saia. E eu que planejara passar ao largo, estava literalmente aos pés da estátua, no último degrau que dá acesso ao observatório. De lá a vista para Manhattan e Jersey City é simplesmente o máximo. Na volta caminhei pelo Centro Financeiro, e cortei para o outro lado do rio onde estão as pontes do Brooklin e de Manhattan. No caminho parei no Pier 17, onde tem mais uma das pistas de patinação e oferece uma maravilhosa vista das 2 pontes e do Brooklin. Voltei para o Centro Cívico, City Hall e antes de começar a caminhada da Ponte do Brooklin fiquei observando para ver se não era o único maluco a enfrentar uma caminhada de 2 kms com aquela temperatura e vento forte. Olhei para um lado, para o outro e vi que se aproximava de mim uma moça alta, elegantemente vestida e com o rosto à mostra. "ué, ela não solta coriza?" E ela vinha andando na minha direção, perguntei se ia caminhar na ponte, disse que sim; se podia fazer-lhe companhia, disse que sim. Verifiquei que não éramos os únicos malucos naquela caminhada. A pista para pedestres divide espaço com os ciclistas (mas cada um na sua) e é uma espécie de deck com ripas de madeira acima das pistas dos carros. Uma visão privilegiadíssima, o tempo todo vista de 360°. De vez em quando tirava minha máscara contra coriza e tabulava uma conversa que ia um pouco além do "sorry". Seu nome, não lembro mais, mas lembro que é indiana de New Deli e que estava hospedada na 51th St. Caminhamos até o Brooklin e lá chegamos ao fim da tarde. Na hora de tomar o metrô de volta fiquei mais tranqüilo, pois minha amiga falava um inglês fluente, herança do domínio inglês na sua terra. De manhã tinha andado no metrô 1, linha vermelha; agora pegamos o metrô A, linha azul para trocar, já em Manhattan pelo metrô 6, linha verde. Ela seguiu para a 51th St e eu saltei na 42nd St e me deparei com um dos lugares mais bonitos que vi em NY, a Grand Central Station (dali saem e chegam metrô, trem e ônibus). Assim como no Port Authority Bus Terminal, aqui não se vê movimento algum no entorno das estações, sabe aquela bagunça da Central do Brasil ou da Rodoviária Novo Rio? Lá acho que é tudo subterrâneo. Que linda é a Grand Central Station, sabe o Centro Cultural Banco do Brasil? Lá é muito maior, tão ou mais bonito... Já era noite e prometi a mim mesmo que no dia seguinte voltaria lá. Fui andando pela 42nd St e atravessando a 3th, 4th, 5th, 6th até a 7th Av e cheguei onde? Claro, na Times Square. Nossa, havia outro bafafá na cidade, a Times Square estava praticamente interditada para carros e metrô e só se via bombeiros com seus carros luminosos e barulhentos complementando aquele cenário bonito, no entanto caótico. Aprecei-me para ver e fotografar. Bomba, bomba, bomba!!! Isso mesmo havia explodido uma bomba num centro de recrutamento militar nas proximidades da Times Square. A concentração maior era na esquina com a 46th St (lembram da Little Brazil?). Achando que estava em casa andei uns 30 metros na 46th St na direção do epicentro e, claro, fui expulso por um policial que me fez voltar a Times Square. Os bombeiros, ainda ressabiados com o 11 de setembro, indiferentes ao frisson agiam como se fosse uma guerra. Os turistas curtiam, a presença dos bombeiros, como se fosse uma festa. Muita gente bonita, elegante, com o sorriso fácil, todos com suas câmeras em ponho, asiáticos, negros, mulçumanos, latinos, brasileiros...ops...brasileiros? No meio daquela Torre de Babel conseguia identificar aqui e ali um idioma familiar, eram os brasileiros com suas sacolas da Macy's ou alguns jovens falando algum palavrão e rindo achando que ninguém estava entendendo. A partir daí comecei a usa a tática do "querem que eu tire uma foto de vocês? Então, dá para você tirar uma minha?" Ih...! O MOMA...! Diz o Paulo Coelho que a melhor maneira de se conhecer uma cidade é andando pelas ruas, museus você pode ver em livros, filmes, internet...(um pouco de exagero, mas aquilo se encaixava bem no meu perfil de andarilho), acabei de lembrar que o Giu foi quem me contou isto. O dia tinha sido cheio de novidades que tinha até esquecido do MOMA e já não dava mais tempo, deveria ter entrado na fila lá pelas 4, 5 da tarde. Já era tarde, entrei na Deli ao lado e como estava só com o café da manhã, comi quase uma libra de carne, frango e outros energéticos. Fui para o quarto exausto e acabei surpreendendo o casalzinho namorando em cima do beliche, o cara mais uma vez tabulou o mesmo papo "Ivan (Aivan) did you have a good day?" Fui tomar um reconfortante banho e demorei-me mais que o usual para que o australiano tivesse tempo de acabar com aquele namoro. Dormi o sono dos justos.
4° Dia - Programei: Passear de ônibus pelo Brooklin e Queens pela manhã e à tarde visitar o Museu Metropolitano, o de História Natural (ambos no Central Park) e, agora, teria ainda que encaixar o MOMA, à noite assistir um Show da Broadway (êta programinha caro, não tem show por menos de 100 dólares, mas há dois lugares que vendem ingressos com desconto: no Píer 17, onde passei no dia anterior e nada me interessava e embaixo da escada de acrílico na Times Square). Roteiro não cumprido! Cada ingresso de museu custaria 18 dólares, mas no de História Natural tinha a opção Suggested Adimission, você paga quanto quiser, sorte a minha que poderia entrar com um dólar. Um lindo dia de sol com céu azul sem nuvens, mas o frio... Vi na minha TV de plasma na Deli, durante o café da manhã que estava 18° Fahrenheit (os americanos não gostam de nada negativo), para nós menos 8° Celsius, tudo que eu queria. Depois de andar mais de duas quadras atrás de um bilhete de metrô (algumas estações não tem a máquina de vender bilhete), descobri que tinha andado o suficiente para chegar ao Central Park, deixei o metrô de lado e segui a pé pela 8th Av. Bem na esquina, no início do Parque a Broadway cruza com a 8th Av, então há uma grande praça redonda, Columbus Circle, uma justa homenagem ao descobridor do Novo Mundo. Entrei no Parque e segui pelas trilhas sinuosas até a metade, no Museu de História Natural, fiz a minha modesta contribuição, fiz uma foto do maior esqueleto de dinossauro e voltei para o parque, só saí de lá ao meio dia. Fui bater o ponto na Apple e voltei pela 7th Av que ainda não tinha andado por aquele lado, na altura da 50th St voltei ao Rockefeller Center e outros lugares bacanas que já tinha visto, incluindo o Bryant Park com sua pista de patinação em frente à Biblioteca Pública e antes que escurecesse cumpri a promessa do dia anterior, voltei à Grand Central Station, fiquei horas ali olhando tudo por fora e por dentro, um lugar imperdível. A noite chegou, fui entrando por outros lugares que tinha passado antes com neve e outros que ainda nem tinha visto e foi aí que descobri a beleza da Madison Square Garden, o General Post Office (Correios) e a Pen Station (uma outra grande estação de Trem e metrô com vários andares subterrâneos que ocupa nada menos que duas quadras, as de 80mX280, ou seja: 45 mil metros quadrados), que bom, se nevasse agora poderia me deslocar pela cidade de uma rua ou avenida a outra pelos subterrâneos quentinhos. Voltei para a Broadway porque ainda remoia aquela história do Show, era sábado e com certeza não encontraria uma pechincha, queria um musical por causa do idioma: Chicago, Mama Mia, O fantasma da Ópera, quem sabe? Pesquisei um pouco e descobri que havia disponibilidade de ver o Fantasma da Ópera (50% de desconto) por míseros 60 dólares, hehe! Corri pra bilheteria e tinham acabado de vender o último. Como eu já estava disposto a extravagâncias pedi uma sugestão e já jogaram um folheto na minha mão, “The Fantasticks” por 58 dólares, uma espécie de Romeu e Julieta moderno, com quatro jovens penteados à gomalina com seus cantos líricos, um querendo aparecer mais que o outro e quatro coroas fantásticos que deram um show de comédia, ri muito, roubaram a cena e salvaram o espetáculo. Mas, pensando bem "que furada!” Fui dormir e encontrei os australianos já na cama "acho que já se entenderam com o fuso horário", pensei.
5° Dia - Programei: Ir de manhã até o Harlen (o bairro negro ao Norte do Central Park) para assistir uma missa gospel, à tarde livre para passeio a pé. Roteiro cumprido pela metade. Quando saí do Rio meu amigo Paulo, o do casacão, me disse, "quando for ao Harlen vai de táxi, nada de metrô", perguntei por que, "porque você é branco", mas pensei, "hoje até a Casa Branca é ocupada por um negro...". Não queria gastar os 20 dólares de táxi, estava desfalcado com a noite anterior, então perguntei à recepcionista do Hostel sobre metrô para ver a missa gospel. Ela disse que deveria tomar o metrô 1, linha vermelha até a 96th St, já que sendo Domingo ele não iria além da 96th St e de lá tomar um ônibus que iria atravessar um bairro hispânico, aí ela me olhou e disse "mas você é hispânico e não haverá problemas”. Pensei bem e disse, "tou fora". Que furada Os Fantasticos, pagaria, e bem, por um táxi de ida e volta por um programa melhor lá no Harlen. Também, por que fui contrariar meu instinto? O dia estava meio quente, ou melhor, zero grau, voltei para a Madison Square Garden, o General Post Office e a Pen Station. Parecia que ia nevar e comecei a fazer minha sessão de fotos antes que nevasse. No fim da tarde começou a neviscar e resolvi entrar em alguns shoppings. Nossa como esses caras aqui são consumistas. Tirando moradia, alimentação e “The Fantasticks” o resto é muito barato, comprei um cachecol de verdade por um dólar, duas calças Levis por 75 e vi luvas, da boa, por quatro dólares. À noite já nevava bastante e fui para as duas pistas de patinação (uma curiosidade, a neve cai na e da roupa sem molhar, parece uma poeirinha leve), no Rock Center e no Bryant Park, vi muito brasileiro endinheirado pagando mico. Antes de dormir consultei minha programação e vi que tinha programado passear a pé, mas foi o eu mais fiz desde que cheguei. Fora a missa gospel, estava rigorosamente em dia. Fui dormir cedo torcendo para não amanhecer nevando e aproveitar bem o meu último dia.
6° Dia - Programei: Caminhada por Village, SoHo, NoLita, Little Italy, China Town, Centro Cívico e World Trade Center, agora conhecido como Ground Zero, esse Osama... Roteiro cumprido na integra. Neste dia saltei na estação Christopher St, já no Village e logo estava na Washington Square Park com o seu famoso Washington Arch (o Arco do Triunfo dos americanos). Contrariando minha torcida, nevava sem parar e perdi um pouco da movimentação das pessoas desses bairros. Mas o casario que com neve tinha um charme todo especial. Não tinha pressa, meu vôo era para as 11 da noite, então caminhava e sorvia cada detalhe desses bairros. Resolvi comer uma bela macarronada no Little Italy, foi o que fiz. Mas observei que os chineses estão invadindo a Itália. Lá em China Town sentia muito frio e resolvi tomar algo quente. Sentei a observar qual esquisitice iria tomar. No meio a tantos nomes desconhecidos deparei-me com "Tapioca" perguntei à gerente do que se tratava, num chinês impecável ordenou que a balconista me desse um pouco da "Teipiôca" para experimentar. Puz aquelas bolinhas pretas e doces, envolvidas em calda, na boca e depois de duas ou três mastigadas concluí que era mesmo a nossa famosa tapioca que os chineses deram um jeito de disfarçar à moda deles. De passagem vi que o Centro Cívico era muito maior do que eu pensava como a neve não dava trégua fui ao Ground Zero. Máquinas e guindastes trabalham direto por trás dos tapumes e dá para sentir um clima sinistro naquele lugar. As pessoas não gostam que a gente fique fazendo perguntas e fotografando, mas ninguém resiste. Fiz algumas fotos do que sobrou. Em frente ao Ground Zero há um Shopping, o Century 21 e não resisti comprei dois cuecões de lã para dormir, por incríveis dois dólares cada. Voltei para o Hostel, fiz o check out, encostei na Deli pra fazer uma boquinha, botei a mochilinha nas costas, atravessei a Times Square, peguei meu Bus, entrei no avião e fiquei grilado com a asa dele lotada de neve. O comandante taxiou e lá na frente parou e avisou, “vamos fazer uma parada de 20 minutos para retirar a neve das asas”, ah... bom!
Pessoal, foi uma grande experiência, não sou muito chegado a cidade, mas esta vale a pena voltar, há muito o que ver e fazer.
Um abraço a todos, Ivan